
- Palmas para a Isabela...!
Naquele domingo, 30 de maio de 2010, sua mãe e eu nos empanturramos de 'yakissoba' quase às 23 horas! Comemos não só porque não havíamos jantado ainda - ou porque o China in Box demorou muito a entregar nosso pedido -, mas porque estávamos muito ansiosos: afinal, dali a instantes aconteceria o maior momento de nossas vidas...
Lembro-me como se fosse hoje, dois dias antes, no comecinho da noite daquela sexta, 28 de maio, de quando o obstetra nos informou de que a placenta de sua mãe, que lutou até o fim para ter seu primeiro parto normal, já estava madura e não seria aconselhável esperar mais: ele marcaria a cesariana para domingo ou, no mais tardar, terça, dia 1º de junho - Segunda, doutor, dia 31: é o final do mês de meu aniversário, pelo qual tanto esperei essa menina, e é o meu dia ao contrário...
Nem sei se consigo falar muito daquele dia, meu Deus, foram emoções demais para um pai só... Mas lembro que sua mãe e eu dormimos pouco e que o dia nasceu chuvoso e belamente cinza... Sim, minha doce menininha, porque todas as coisas são belas e é besteira considerar um dia sem sol como feio (ainda mais quando alguém tão especial estava prestes a chegar...)! E eu, conduzindo nosso carro - que dali a dois dias a traria para casa, para a sua casa e para tudo o que preparamos para você, pela primeira vez -, só elevava o meu pensamento a Deus para que aquela água caindo do céu fosse a revelação de um presente Dele para abençoar a sua chegada a este mundo...
Só sei bem o quanto eu estava nervoso, muito nervoso, especialmente quando separaram sua mãe de mim...
- Você vai, sim, mas na hora em que vierem lhe chamar aqui... - respondia uma paciente senhora enfermeira.
- E quanto tempo demora isso?
E eu continuava com minhas elucubrações solitárias (meus sogros só chegariam quase uma hora depois): "Por que não me deixam logo entrar; ela está nervosa" - como se eu não estivesse - "Por que ninguém contou que eu teria de esperar tanto? Quando tudo terminar, juro que escreverei sobre todas essas coisas que não nos contam, para ajudar os pais de primeira viagem!"... Cá estou, a tentar, até hoje...
Aquelas horas que se seguiram foram uma eternidade, mas, hoje, tudo se amontoa em frações de segundos até o grande momento: alguém me chamou, botei correndo os trajes e proteções especiais para a sala cirúrgica (mas ainda tive que esperar ver sua mãe se tremendo, meio de frio, meio de nervosa, na mesa de cirurgia até a "hora certa"), liguei, também me tremendo, a máquina fotográfica no módulo de filmagem enquanto o médico me pedia para me afastar um pouco e... Um corte, dois cortes, um pouco de sangue... um cabelo mais negro que a asa da graúna mais romântica de José de Alencar: lágrimas caíram aos borbotões! Minha vida nascia... "49 cm!" ("Ei, a senhora não puxou direito a perninha dela: tenho certeza de que ela passa de meio metro fácil, fácil!" )... 3,580 kg", vaticinava a pediatra assistente! Agora você estava ali, já sem chorar, agasalhadinha, e eu do lado do bercinho de acrílico, chorando sem parar, naquela salinha meio escura, para não a incomodar... E todas as enfermeiras que por ali passavam diziam "é a cara do pai", para o arremate orgulhoso de minha emoção já estonteante...
Filha, ainda vou ter muito tempo, se Deus quiser, para contar-lhe todas as coisas vividas naquele dia 31 de maio de 2010 - e em todos os outros 364 que se sucederam até hoje, o seu primeiro aninho neste mundo! Hoje eu só quero lhe dizer o quanto o Papai é feliz por ter você em cada segundo do dia... Pelo tanto que você me ensina com sua inocência, seu charme, sua vivacidade, seus olhos e seus sorrisos lindos... Pelo amor, pela vida com que Deus me presenteou por meio de você... Enfim, eu só quero dizer o quanto a amo e o quanto lutarei com todos os poderes e forças para vê-la crescer feliz... Na verdade, eu só queria lhe dizer mesmo é que, neste mundo, onde ainda tenho tanto a lhe mostrar, todas as coisas são realmente belas... E que, no meu mundo, você é a mais bela de todas: feliz primeiro aniversário, minha doce Isabela!







