Diários do Papai, 30 de Março de 2019
Um único dia... Naquele sábado, depois de algumas frustrações sofridas pelo SuperTrio - os SuperGêmeos não puderam ir fantasiados para a escola na sexta de carnaval por causa dos "princípios morais e cristãos" daquele estabelecimento de ensino (palavras da coordenadora...); e, naquele mesmo sábado gordo, os três se fantasiaram, porém não participaram de bailinho algum... O Papai aqui inventou de fazer um "bailinho em casa", tocando no Spotify, pela TV, algumas animadas canções carnavalescas "infantis" (marchinhas cantadas por crianças ou musiquinhas antigas da famigerada Xuxa), e brincando com os pequenos por entre suas fantasias, confetes e serpentinas. Bastou esse único dia para que, até hoje, encontrem-se confetes nalgum ponto da casa ou do carro (especialmente por causa de um dos tipos de confete usados, aquele laminado, que gruda...)! E, em pleno carnaval, pude ver os funcionários de um supermercado já dispondo ovos de Páscoa em seus estandes...
E, falando em carnaval e suas máscaras assustadoras, eis que a Mamãe caiu na fake news da "temível", no entanto inexistente, Momo - que nada tem a ver com o rei carnavalesco, mas, sim, com a imagem de uma doida arte japonesa e um viral do ano passado sobre correntes assassinas na internet. A pobre chegou em casa se tremendo toda com a possibilidade de criminosos hackers invadirem vídeos infantis do YouTube e mandarem a garotada se matar cortando os pulsos (leia e entenda toda a confusão aqui)! Infelizmente ela caiu mesmo na pegadinha de mau gosto porque o hoax já havia se espalhado como verdade até mesmo em conhecidas publicações virtuais, e órgãos como os Ministérios Públicos de vários estados já haviam tomado medidas para a exclusão do vídeo do ar... Só que nada disso existiu, a não ser nas cabeças dos precipitados pais e seus Whatsapps desesperados! Ai, ai, esse tempo louco dos dias atuais, que transformam, pelo medo, até a mais sensata das mães numa espalhadora de maluquices...
Sei que já parece clichê falar de como o tempo hoje parece desgovernado e, quando menos se espera, lá está ele correndo e pulando fases ou parecendo abrir janelas para o amanhã ainda hoje: aqui mesmo, nesses humildes Diários, por várias vezes já abordei o tema! E assim me pego vendo o SuperFilho e a SuperFilhotinha de fraldinhas em fotos de dois, três anos atrás, e de repente me deparo com o duro desafio de arrancar-lhes os primeiros dentinhos! Sim, já chegou a hora da segunda maturidade desses meus pequenos (a primeira foi o abandono das fraldas) e, por isso, comemorei muito o fato de ter sido o Filho, meu doce e "bobinho" garotão, o primeiro nessa fase, uma vez que a Filhotinha, além do medo quase desesperado diante da possibilidade de perder um dos seus dentinhos, segurou o quanto pôde para evitar esse confronto...E então, ele, sozinho, "arrancou" com a própria língua na escola, sacando-o pra trás da estantezinha de sua sala (embora ele tenha pensado ter engolido), e angariou a boa e velha moedinha de chocolate ofertada pela "Fada do Dente" daqui de casa (que, além de achar anti-higiênico botar dinheiro embaixo de travesseiro, é contra a ideia de dar dinheiro pra crianças!) em troca do seu dentinho-de-leite - sim, eu os guardo todos! Mas nada como um dia após o outro - e, nesse caso, bastou uma tarde: no comecinho da noite daquela mesma sexta, minha garotinha abriu sua janela meio "no susto", em que aproveitei uma chance e puxei o danadinho com uma fraldinha de pano; e, um dia depois, o segundo praticamente caiu sozinho, ampliando um lindo janelão! Duas moedinhas para a "campeã"! E a SuperFilha, acostumada que só ela a dar conta de tudo, especialmente dos dias, meses e anos, nessa história? - Poxa, não tiro mais nenhum dente, mas a Fada bem que poderia também deixar uma moedinha pra mim... E lá se foi a última moedinha comprada para o seu travesseiro, conquistada pelos ciúmes e pela bela e ainda resistente ingenuidade da minha mais velha!
A expressão "viver intensamente" normalmente é usada para pessoas que, de forma geralmente desregrada em horários, prazeres ou vícios, entrega-se a uma "vida loka"... Acho que deveria ser repensada tal expressão, especialmente diante de gentes que tenham três ou mais filhos! De repente, uma janela é aberta e a SuperFilha nela está, acenando na hora de se ir para o trabalho; piscam-se os olhos e dois garotinhos igualmente lindos - e muito parecidos com a menininha anterior - é que estão na mesma janela, a gritar "Tchau, Papai", já banguelinhas a esperar os primeiros da dentição definitiva... A vida é mesmo feita dessas janelas, dezenas, centenas, milhares delas, todas rapidamente se abrindo para passagens ricas e preciosas de novas e fervilhantes experiências diferentes, dimensionando, na verdade, só e tão somente uma, porém a mais difícil e indomada de todas elas: a dimensão do tempo, aquele "tempo rei" que nos espanta com o pular das fases de um ano, mas ao mesmo tempo, sem sustos, acaba por nos encantar com as primeiras janelinhas abertas nos doces sorrisos dos filhos que não param de crescer - especialmente agora, a menos de um mês do dia dos aniversários de 5 aninhos da minha superduplinha... Logo após a Páscoa!






