DIÁRIOS DO PAPAI, Fevereiro de 2019
A canção era legal e muito marmanjo ainda assobia o "pam-pam-pam-pam-pam-pam/ pam-pam-pam-pam-pam-pam-pam Ghostbusters!, mas o tosco clipe mostra como os anos 80 soam datados...
O pior é que, tosco ou não, a Mamãe não aguenta mais os pequenos colocando-o no YouTube!
Noutro dia, numa loja de departamentos, o SuperTrio divertiu-se às pampas "montados" em cavalinhos de pau pelos corredores das seções, cada um devidamente fantasiado para um bailinho que acabou não acontecendo, e encantou a todos os (poucos) presentes naquele início de tarde de sábado de pré-carnaval... Só nesta frase de abertura da postagem, podemos ver como o "estilo" vintage, este adorável conceito francês que atualmente significa uma espécie de modismo em torno de coisas antigas (tanto as com mais de 30, 50 anos, como as assim emuladas), está em alta: "às pampas" já é velho pra chuchu e brincar com cavalinhos de pau, ainda que ornados com cabeças dos unicórnios da vez, soa bem ultrapassado na era dos tablets e celulares cheios de joguinhos e vídeos nas mãos dos pequenos!
Curiosamente, apesar de esse conceito nem ter sido devidamente "apresentado" aos meus meninos, eis que o YouTube tratou de sugerir, recentemente, alguns vídeos musicais das décadas de 80, 90 e 2000 que se casavam com algumas coisas que eles haviam visto recentemente naquele site... E qual não foi a minha surpresa ao ver, de repente, os três SuperFilhos imitando, na sala da nossa supertorre, as toscas coreografias de clipes musicais que marcaram época na minha infância, adolescência e juventude, mesmo sendo alguns de gosto extremamente duvidoso - respectivamente, Ghostbusters (1984), Barbie Girl (1997) e Crazy Frog - Axel F. (2003 - irritante mixagem em cima do ótimo tema de Um Tira da Pesada, de 84), sem falar em "pérolas" mais recentes, como Gangnam Style (2012) e What does the fox say? (2014)... Sim, é dose pra leão - opa, vintage de novo!
À exceção do "clássico" Ghostbusters - que, apesar dos refrões-chicletes, chegou a ser indicada ao Oscar quando do lançamento do excelente filme Os Caça-Fantasmas - e da inteligente inventividade da dupla de comediantes por trás da paródia de canções infantis em forma de chata dancemusic, What does the fox say?, todas as demais são péssimos subprodutos pop cheios de jargões e coreografias insuportáveis, como Gangnam Style, em que o coreano "cantor-de-um-sucesso-apenas" Psy fica a fazer rebolados e pulitricas como se montasse num cavalo (insinuações eróticas nocivas para as crianças) - o jeito é proibir essa gurizada sem noção de ver e dançar tais baboseiras! Mas qual o quê (mais vintage, impossível...): quem disse que dá pra barrar tão facilmente conteúdos ruins na era das smartvs?! Mesmo mantendo-os longe de erotizadas Anitas e afins (devidamente bloqueadas), é fácil pra esses meninos, que já nasceram de controle remoto nas mãos, darem um search e localizaram os desejados vídeos enjoados novamente (ou versões piores)!
No entanto, nada se compara em termos de mau gosto e inadequação para menores do que o alien verde da animação computadorizada em cima de Introduccion B, a famosa e esdrúxula Dame tu cosita - que, em bom castellaño panamenho, quer dizer mesmo "Me dá a tua 'coisinha'"! Assim, em danças com excessos de rebolados erotizados, o nada inocente alienígena esquálido conquistou a meninada do mundo todo desde 2017, quando surgiu e trouxe à tona essa "canção" ridícula e absurda à moda novamente... E por aqui, onde meus filhos não fazem ideia de quem seja Anita, Ludmila, Nego do Boréu e outros "artistas" das canções nada infantis, acabaram gostando do sujo e horroroso hit de um sujeito chamado El Chombo! No entanto, graças a Deus, meus meninos não imitam os apelativos rebolados do magrelo marciano verde e dançam sua própria coreografia - e, ainda melhor, não conseguem fazer analogias nem questionamentos do que seria a tal "cosita", cantado, no lugar, "Tia Consita", a antiga tia do balé das meninas! Ufa: apesar do grande incômodo, ainda não proibi de vez a "atração" porque as próprias crianças fizeram suas "adaptações" infantis!
No entanto, nada se compara em termos de mau gosto e inadequação para menores do que o alien verde da animação computadorizada em cima de Introduccion B, a famosa e esdrúxula Dame tu cosita - que, em bom castellaño panamenho, quer dizer mesmo "Me dá a tua 'coisinha'"! Assim, em danças com excessos de rebolados erotizados, o nada inocente alienígena esquálido conquistou a meninada do mundo todo desde 2017, quando surgiu e trouxe à tona essa "canção" ridícula e absurda à moda novamente... E por aqui, onde meus filhos não fazem ideia de quem seja Anita, Ludmila, Nego do Boréu e outros "artistas" das canções nada infantis, acabaram gostando do sujo e horroroso hit de um sujeito chamado El Chombo! No entanto, graças a Deus, meus meninos não imitam os apelativos rebolados do magrelo marciano verde e dançam sua própria coreografia - e, ainda melhor, não conseguem fazer analogias nem questionamentos do que seria a tal "cosita", cantado, no lugar, "Tia Consita", a antiga tia do balé das meninas! Ufa: apesar do grande incômodo, ainda não proibi de vez a "atração" porque as próprias crianças fizeram suas "adaptações" infantis!
E, pra completar o tom nostálgico, noutro dia o dever-de-casa de História da SuperFilha foi justamente sobre um dos maiores superpoderes do Papai aqui: o de conservar memórias culturais! Nem pestanejei quando o desafio dado foi procurar na casa o "objeto mais antigo" e uma "fonte histórica" contida numa livro, brinquedo ou jornal velho, e explicar sua importância e o porquê de ser guardado até hoje: corri para o escritório de casa e, além da descoberta de que um bem conservado dicionário de Inglês, da década de 60 e dado por minha finada avó (que, pelas dedicatórias, já havia então percorrido outros destinos familiares...), era o item mais velho da SuperFamília, escolhi como melhor fonte uma parte da minha estimada coleção de gibis - especificamente, seis números de personagens diversos que foram as minhas primeiras leituras, entre 1982 e 1983, pelos meus idos 5 pra 6 anos de idade...
E, em meio a tantas coisas extintas, como personagens e editoras que nem existem mais (Ed. Bloch, Os Trapalhões e Fofão) capas de revistinhas com desenhos referentes a orelhões de telefones públicos, anúncios internos de chicle Ping Pong e "modernas" máquinas fotográficas Love, bem como as famosas promoções para a criançada da época concorrer, em disputados sorteios naquelas montanhas de cartas, a videogames Odissey e Atari e microcomputadores "CP-200" (aqueles tecladões gigantes para conectar aos igualmente grandalhões monitores e televisores da época), ajudei a minha pequena com seu trabalho e lhe mostrei, com orgulho, que ainda conservava comigo tesouros tão caros pelo lado afetivo, sem nem perceber o quanto elas haviam se tornado relíquias históricas sobre comportamentos, publicidades e tecnologias para as mesmas crianças dos atuais tablets e celulares da atualidade, que estão descobrindo agora hits pop-pipoca do tempo em que eu gravava fitas K-7 com os gritinhos de Ray Parker Jr.: Who you're gonna call?, "quem vocês vão chamar?" - e eu respondo em alto e bom som: "O Passado!"... Bom ou ruim, certas coisas nunca saem de moda...
E nas últimas semanas, no desespero de manter os pequenos, especialmente o SuperFilho, na linha e se alimentando direitinho nas horas das principais refeições, lancei mão das deliciosas promessas do meu tempo de criança chata pra comer (hoje a SuperFilhotinha ostenta essa pecha!) com a Vovó-Dinda e tive que recorrer ao bom velho "Quem raspar o prato, vai ganhar uma surpresa bem gostosa!"... "Raspar o prato"... Mas não é que a coisa pegou e já fazem até "campeonato" para ver quem termina primeiro e quem ficará de fora da "distribuição de surpresas" (que varia entre um caramelo pra cada, guloseimas como um tantinho de geleia ou um chocolate nos fins de semana)?! Mas isso já é outra história...
![]() |
| E foi com esses tesouros-relicários que aprendi a ler nos idos de meus 5 anos de idade... Sou uma fonte histórica! |





