Ainda me lembro do meu primeiro dia de aula como professor
de Redação do segundo grau: visando perceber como andava o nível daquela
longínqua turma de 1996, após as apresentações e conversas da praxe inicial,
pedi a todos que aproveitassem a meia hora restante do horário para
apresentarem-me uma redação com tema livre – Só não me venham com “Minhas Férias”, pelo amor de Deus... –
acreditando que arrancaria gargalhadas com a piada pronta... O que eu não
esperava é que não só recebi como retorno um silêncio espantado dos alunos,
como houve muitos que passaram a rasgar a folha do caderno, já com o título “proibido”
riscado na primeira linha, e até quem levantasse a mão direita e perguntasse
por que não se poderia escrever sobre aquele assunto!
Por mais lugar-comum que possa parecer, falar sobre as
férias parece ser uma necessidade do ser humano, tal como as satisfações das
respostas de como foi o fim de semana no expediente da segunda-feira, algo que
parece ultrapassar mesmo qualquer limite de idade... Assim, tenho certeza de
que, caso a minha garotinha fosse um pouquinho maior ao invés de estar
iniciando o segundo semestre letivo do Maternal II (na verdade, o segundo
semestre letivo da sua vida inteira), o tema não só seria inevitável como
também ela teria muita história para contar... Afinal, trata-se aqui de suas "primeiras férias"!
Depois de muitos tempos cansativos e conflituosos, uma
trégua foi levantada e julho começou com uma viagem em família (a Vovó-Dinha
foi junto) à vizinha Fortaleza: entretanto, apesar de apenas uma hora de avião nos
separar do nosso destino, o primeiro voo da SuperFilha (enquanto ela não
desenvolve seus superpoderes, é claro) incomodou um pouquinho seus ouvidinhos
supersensíveis e a despertou do seu estimado cochilinho com choro irritado
tanto na ida quanto na volta, próximo à aterrissagem – mas nada que
comprometesse o universo de coisas dos novos ares que estavam por vir...
Confesso que longos passeios a pé (as inefáveis compras da
Vovó-Dinha e da Mamãe...) não apetecem menininha alguma de 3 anos de idade:
logo, não havia como não mimá-la com o aporte dos ombros do Papai em intermináveis
“macaquinhos” e caminhadas nos braços do velho aqui, o que, por sua vez,
inevitavelmente despertou infantis birrinhas e reinações em certos momentos de
cansativas manhas – Ah, como esse Pai
mima esta menina... Mas as inesquecivelmente agradáveis idas à Praia do
Futuro (em dois tempos!), ao shopping
Iguatemi (escondido em meio a obras gigantescas) e ao tão aguardado Beach Park trouxeram de volta o sorriso
pleno da faceira miniviajante – apesar do terrorismo polido de longas horas perdidas
com os vilões vendedores de time-share
da hotelaria do parque aquático (com a promessa de almoços grátis num ambiente
em que um suco de 300ml sai pela bagatela de 8 reais)... Valeu, ao menos, pelo
brinde da toalha da foquinha! E a atração, para a pequena, continua sendo logo
ali: Qué ir para o “Viche Parque”...?




