



Hoje, o escritório, cantinho do meu apartamento onde escrevo, trabalho, estudo e reúno todas as minhas amadas coleções (prefiro chamar de "meu gabinete"; menos formal...) se encontra novamente bagunçado – para desalento da Mamãe e da Vovó-Dinha... Mas, no ano passado, quando das pequenas reformas feitas para a chegada da Filha, aproveitei o resto dos materiais do quartinho de bebê e, enfim, aproveitei para preparar também o meu espaço... Missão cumprida, minha mulher, ainda grávida, e eu, ainda coberto de tinta, porém orgulhoso, nos prostramos diante da "obra" e meio que celebramos em silêncio (ah, como adoramos o sabor das primeiras conquistas, tijolinho por tijolinho...):
– Ficou, mesmo... Mas 'tava aqui pensando...
– Em quê?
– Que a Filha vai adorar isso aqui...
E com uma risadinha maquiavélica, insinuou que todas aquelas miniaturas, revistas e livros de tantos anos de dedicação seriam alguns dos alvos prediletos dos "dedinhos" de nossa pimpolha, tão logo esta crescesse um pouquinho... A brincadeirinha maldosa também fazia menção ao famoso ciúme que tenho pelas minhas coisas – das duas, uma: ou eu perderia tudo, mimando a pequerrucha ao deixá-la pegar todas aquelas preciosidades ou enlouqueceria trancando a sete chaves aquele meu refúgio sagrado...
Nem um, nem outro: tal como sempre previ, minha menininha é de um comportamento exemplar, calminha e tranqüila (puxou aos pais quando bebês), muito raramente fazendo um "chorinho soluçante" para conseguir o controle remoto (o que ela mais adora!) ou uma revista, para machucar ou rasgar página por página... E, como sou paciente com crianças e adoro interagir com elas (especialmente com minha filha), basta eu sentir a coisa crescendo para o lado errado – como mastigar um bom naco de papel ou levar um celular à boca – para pedir a ela, educadamente, com a mão estendida "– Dá p'ra o pai, dá?!", no que ela (quase) prontamente atende. Assim, não fica difícil entregar-lhe uma miniatura de chumbo ou um bonequinho clássico ou mesmo um livro de coleção: é só o tempo para ela sentir a textura, o volume ou, simplesmente, satisfazer a gula táctil que toda criança tem nessa idade: depois disso é "– Dá p'ra o papai!"!
Adoro minha filha e acho que isso hoje é o que me define como pessoa! E penso, logicamente, que pessoas são bem mais importantes do que coisas materiais (principalmente se se estiver falando de um filho!)! Mas também acho que é possível dividir as coisas e fazer com que, desde bem cedo, a SuperFilha saiba compreender os seus limites – especialmente no tocante às coleções do Papai... Afinal, sou colecionador desde menino, quando guardava (e guardo até hoje) todas as revistinhas em quadrinhos que papai me comprava e os brinquedos que mamãe me dava (e chorava desbragadamente quando eles vinham com estórias de doar tudo para os primos, porque eu já teria "muito"...)! Assim, não abro mão de meus DVDs, CDs, livros, revistas, carrinhos, motos e aviões de ferro e meus bonequinhos e miniaturas de chumbo – mas também sei dividir minhas coleções, na medida do possível, com quem vier a amá-las e delas cuidar bem, como sei que minha amada pequenina o fará... Tanto que já até iniciei duas coleções para ela: uma de DVDs de Animação e outra, de porcelanas da Disney, da Editora PlanetadeAgostini.
Além do mais, não é trancada num gabinete de coleções ou num quarto vendo TV que quero quero ver minha filha crescer – como eu, que por ser o caçula e também criado em apartamento, cresci viciado em TV e cinema, o que acabou por me tornar um adulto muito preguiçoso para exercícios físicos! Por isso é que essa linda garotinha vem me ensinando a procurar ter cada vez mais tempo para ela, aprendendo que estou, cada dia mais, a organizar melhor meus afazeres – e até, quem sabe, manter, daqui pra frente, sempre arrumado o meu cantinho (deixa só eu terminar de botar as prateleiras novas e receber a escrivaninha com mais armários que encomendei, viu, Amor?!)...
Porque tempo, infelizmente, é o que menos sobra nesta vida corrida que corremos, afinal, por nossos filhos... Mas é por eles também que temos que aprender a ter o superpoder de parar o tempo, curtir um pôr-do-sol ao lado da família, inventar uma gostosa receitinha para o jantar ou dar um passeio de carro com os avós no final de semana para "desestressar" do caos do trânsito de segunda a sexta... Afinal, ao contrário de muitas de minhas miniaturas, ninguém é de ferro! E ser super, pra mim, cada dia mais é colecionar o maior número de tempo ao lado da minha amadinha para que, um dia, em meio a tantas peças interessantes guardadas, cobertas de poeira e cheias de estórias minhas para contar, eu possa ter orgulho da história colecionada ao lado dela e dizer, estendendo a mão, educadamente: "Prazer, eu sou o Papai"!


O texto já estava praticamente pronto quando, pelo fato de a LÍLIAN AMORIM ter-me ofertado, gentilmente, dois selinhos de uma vez só, tive que adaptar tudo para falar de 17 COISAS SOBRE MIM (soma dos dois selos!)! Eis-me aqui, Lílian: as frases sublinhadas indicam coisas sobre como sou e o que gosto de fazer! E, mais uma vez, obrigado! Só fico ainda ressabiado com essa estória toda de "Clube da Luluzinha" do selo "Este Blog Tem Amigas de Verdade": os Diários do Papai, Lílian, tem AMIGOS de ambos os sexos, viu?!










