sábado, 30 de novembro de 2019

Mais um fim de ciclo de ensino...


Diários do Papai, 30 de novembro de 2019

Terminando o mês de novembro - e, por conseguinte, o ano letivo (restando só mais uma "incômoda" semana a mais para o Supertrio: com brincadeiras para os Supergêmeos e provas para a SuperFilha) - e, numa espécie de continuação da postagem anterior, eis abaixo a segunda parte daquela atividade de preparação para a prova mensal de Português, em que me aventurei e criei textos para a fixação de alguns conceitos para a minha primogênita. Desta vez, inventei uma interpretação um pouco mais "puxada": com conceitos tanto sobre narrativa (discursos direto e indireto; personagens; tempo; conflito etc.) como sobre verbos e, ainda, substantivos derivados de adjetivos (com EZ e EZA) cobrados de forma lúdica, escrevi essa fantasia misturando mitologias e temas já próximos da minha pequena (mitologia indígena brasileira; problemas sofridos por negros e índios na História; super-heróis etc.) e, ao final, lancei as perguntas - que, a propósito, ficam aqui novamente como dicas, podendo ser exploradas em testes com seus filhos... Só não se esqueçam dos devidos créditos (ou mandarei os deuses e seres encantados me vingarem com você, ré, ré, ré...)!
A Filha disse ter gostado do conto, mas confessou ter sentido falta de "mais ação"
- Como é difícil agradar essa mocinha, meu Senhor...!

Como nascem os deuses...

Era uma vez, no local mais central do Planeta, mais ou menos no meio da África, uma criança especial: além de ser o único claro e alvo da sua tribo negra, Krikato, aos 9 anos, também podia correr mais que um guepardo! A rapidez do garoto impressionava a todos os presentes naquele encontro especial, do mais avaro dos deuses até a mais insípida criatura mágica que, uma vez por ano, reuniam-se nalgum lugar da Terra em que surgisse alguém com habilidades incríveis – e, desta vez, encontravam-se nas profundezas daquele grande lago seco, nos arredores da tribo de Krikato, estranho e belo cenário de aridez e dureza no meio de uma pobre região africana.
O menino, muito pálido, era tão estranhamente apagado que bem poderia sumir das vistas não fosse sua nítida e certa velocidade espantosa. E, para provar seu valor, todos os testes determinados no encontro daqueles superseres foram cumpridos por Krikato, que, correndo pra lá e pra cá como um raio branco, realizava tudo que lhe era pedido em segundos: foi até o estado vizinho e voltou com algo da região; pegou água no lago mais próximo (distante a centenas de quilômetros dali); escavou o chão para obter raízes e frutos no fundo daquela região desértica etc. Todos estavam muito satisfeitos com o que viam e já haviam decidido levar o guri para ser treinado como um novo semideus quando Ogum, uma das poucas divindades africanas do poderoso encontro, disse com tristeza:
– O muleke não pode vir com nenhum de nós... Isso seria estupidez!
– Mas por quê? – todos questionaram espantados.
– Ele é muito mais útil aqui! Vocês já se deram conta de como nos acomodamos em nossas fluidas funções guardiãs? Vivemos isolados em nossas nobres dimensões, somente aqui e ali atendemos às súplicas de algum adorador e perambulamos pelo mundo a nos encontrar em volta de seres dotados de poderes especiais uma vez por ano... E para quê? Para transformá-los em novos deuses e semideuses igualmente inválidos!
– Eu não sou inválido... – resmungou o elfo Albedias.
– Ai, esses duendes intrometidos! – reclamou, com braveza, Odin.
– Calem-se os dois! – bradou Alá – A franqueza de um e a falta de sutileza do outro em nada ajudam na situação!
– Afinal, a nossa eternidade depende dessas descobertas pelo universo, a fim de reconhecermos e desenvolvermos novos superseres... Senão deixamos de existir! – exaltou-se o normalmente nobre Zeus do Olimpo. – Ademais, ele é diferente, e jamais será aceito em sua tribo...
– Vens falar de ser diferente, Zeus? Sei bem destas paragens e do quanto o meu povo pode demonizar e defenestrar alguém... – afirmou, ressentido, o egípcio Seth. – Mas penso como Ogum...
– Se ele ficar até pode ser bom, porque terá pesadelos demais para eu possa devorar: assim será! – rosnou o pouco amigável Baku.
A discussão foi aumentando entre elfos, unicórnios, sapos falantes, gnomos, deuses e semideuses até que Krikato, apesar de muito tímido, resolveu falar:
– E se vocês começassem algo novo em suas eternidades e passassem a treinar as pessoas dotadas de habilidades para ajudar a sua própria gente, aqui embaixo mesmo, na Terra...?
Todos, de poderosos criadores a encantadas criaturas, ficaram estupefatos: nunca, em toda a eternidade, um humano falara assim com nenhum deles! Jeová, um dos mais coléricos naquela época, quis lançar sobre ele sete pragas pela insolência (todos comentavam entre si que Ele precisava urgentemente de um filho para ver se ficava mais amoroso...), enquanto outros, mais moderados como os deuses hindus que ali se encontravam, quiseram dar ao menino mais braços e pernas de presente pela bravura – Ganesha, o mais empolgado desses, disse que lhe presentearia mesmo com uma tromba! Mas foi Tupã quem resolveu a confusão:
– Eu, mais do que ninguém aqui, sei o quanto um povo pode ser massacrado diante da opressão de outros, que se acham mais desenvolvidos – isso sem falar na falta de oportunidades de um lugar já tão sacrificado pela Natureza como este! Ogum e a criança estão certos: é hora de trazer uma mudança real e sadia para esses nossos encontros anuais! A partir de hoje, nós nos reuniremos apenas para dotar esses humanos especiais para serem grandiosos em suas próprias regiões!
Dito isso, todos concordaram e, com poderosas salvas de palmas, houve um avassalador vento na região, em que todos os superseres foram desaparecendo lentamente... Só não Ogum, que permaneceu no meio daquele grande vale profundo, sussurrou no ouvido de Krikato, dizendo para que ele fosse sempre forte e confiante, e, só então, sumiu. O garoto então sorriu, com um semblante diferente e confiante, e, sabendo o que fazer, correu para a sua tribo o mais rápido que podia, ciente de tudo o que faria pelos seus irmãos necessitados – nascia, assim, o primeiro super-herói...

(Dilberto L. Rosa, 2019)


1. Quando e onde acontece a história?
2. Há muitos personagens nesse conto – você consegue mencionar todos eles?
3. Você percebeu como, dentre os vários personagens da história, alguns são mais importantes? Diga quais são os principais e por que você os considera assim.
4. Você conseguiria dar uma característica que definisse cada personagem? Que adjetivos você usaria para cada um?
5. Tudo ia bem na trama até que... Diga qual foi o conflito.
6. A solução do conflito foi dada por quem? Você acha que foi um final feliz? Por que você considera o desfecho positivo?
7. Nesse texto predominam os discursos diretos ou indiretos? Explique.
8. Agora, dê um exemplo de discurso direto e de um indireto contido nessa história.
9. Ao longo do texto, inúmeras palavras estão sublinhadas: algumas são adjetivos e outras, substantivos derivados de adjetivos. Faça duas colunas e coloque, de um lado, os adjetivos e, do outro, os substantivos. Por fim, preencha os espaços restantes em cada uma com os adjetivos ou substantivos correspondentes.
10. Você viu também muitas palavras no texto cujos conceitos você não deve conhecer... Por isso, faça uma lista com essas palavras e procure no dicionário os seus significados.

11. Agora, percebendo que as palavras em negrito são verbos, diga em que pessoa e tempo (se no infinitivo, no passado, presente ou futuro) cada um deles está.

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Ensinando e Poetizando


Diários do Papai, 15 de novembro de 2019

Sei que o dia dos professores foi, exatamente, há um mês. Mas como, por aqui, esse bloguinho foi tomado pelas postagens em alusão ao dia das crianças em outubro, somente agora teço esta pequena homenagem a todos aqueles que dedicam seu tempo e seu ofício a ensinar alguém - em especial àqueles do "sacerdócio" voltado para as crianças, e, mais particularmente, às "tias" do SuperTrio: nosso carinho amigo e abraço de agradecimento para, dentre outras, Cassandra (idolatrada pelo SuperFilho) e Laíssa (ambas dos SuperGêmeos) e Sandra ("- Meu nome é Sandra!", das eternas "polêmicas" provas... ré, ré).

E eu, também professor (embora jamais tendo trabalhado com crianças - meus alunos mais novos foram do Ensino Médio, no comecinho da carreira, quando lecionava Redação e Literatura), além de escritor nas horas vagas, peguei-me tendo que unir esses dois universos e criar dois textos numa atividade de revisão para a última prova de Português (da Tia Sandra!) da SuperFilha: geralmente costurando e adaptando exercícios da internet com algumas questões da minha cachola, vi-me em apuros quando precisei bolar uma interpretação de texto e não achava nenhum bom o bastante em que pudesse trabalhar palavras contendo S, SS, C, Ç, SC, X e XC.

O jeito foi o papai aqui improvisar e botar a veia poética a serviço do ensino doméstico! E, assim, inspirado particularmente pelas personalidades combinadas da Filha e da Filhotinha, o "eu-lírico" deu um jeito de misturar os clássicos vocábulos-exemplos da Ortografia estudada a algumas características fortes das minhas meninas (chegando até a "viajar para o futuro", já penando só em imaginar as duas, quando adolescentes, a surfar cheias de popularidade pelas redes sociais, ai, ai...) e nasceu o poema Excêntrica - não por acaso, "aula" desde o título, com o devido espaçamento para completar com "xc"!

Além dos outros espaços para os acertados preenchimentos, pela minha "aluna", com as letras solicitadas ao longo dos divertidos 11 tercetos hexassílabos (louco para lhe dar aulas disso também, ré, ré), ainda bolei algumas outras questões, a fim de explorar bem o nível da sua interpretação textual, que seguem ao final do poema e que podem ser utilizadas como forma de incentivo para que outros pais (viu, mamãe?) abusem da criatividade e pratiquem as tarefinhas dos seus superfilhos com seus próprios versinhos e criações... Garanto: assim é bem mais divertido!
Resultado de imagem para menina moleca

Excêntrica

Ela era excepcional:
Nasceu na diagonal
Viveu sem exceção.

Não fez concessão:
Só travou discussão
No que era essencial!

Assim ela cresceu:
Aqui e ali distorceu
Alguma expectativa

- Nem releu as assertivas:
Caçou uma alternativa
Marcou, entregou e desceu...

Tímida e extrovertida,
Ensaiava a partida
Nem bem aparecia

E, esperta, transcendia
Lições de Geografia
Sempre bem sucedida!

Se viu adolescente
Sem nenhum plebiscito
Leu algum fascículo

De relance somente...
Ela sobe em crescente
Soma de discípulos:

Uns seiscentos ou mais
Conscientes de tais
Digressões e curtidas...

Essa nasceu com a vida
Em nada ressentida
E acesa em castiçais

– Eu não lhe dou um décimo
Porque qualquer acréscimo
Nela será demais!

(Dilberto L. Rosa, 2019)



Português do Papai
1. Preencha os espaçamentos _ com S, SS, C, Ç, SC, X e XC.
2. Procure no dicionário e dê o significado de 5 palavras novas que você aprendeu com esse poema.
3. A personagem do poema é bem esperta – reescreva 4 versos que mostram bem isso.
4. Mas, às vezes, essa “esperteza” podia lhe prejudicar... Reescreva 5 versos que tratam dos problemas da personagem. 
5. Escreva novas palavras com G, J, S, Z, SS, SC, SÇ, XC e Ç (ao menos uma de cada).
 

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