Diários do Papai, 15 de junho de 2019
Foi quando ela veio com um novo "menino bonito", de quem ela "estava gostando muito", e de quem gostaria de se "aproximar mais e se tornar amiga" - sim, preocupante: "muito cedo", "só tem de 8 pra 9 anos", "é assim que começa" e "tem que cortar logo pra não alimentar besteira" bem poderiam ser os pensamentos imediatos de uma avó como a Vó-Dinha, mas, apesar de algumas histórias meio "tortas" que tratei de ir cortando ou lembrando-a da sua idade, não foi nada que preocupasse à Mamãe nem ao Papai aqui...
Afinal, uns dois anos atrás, era um "amor roxo" por um menino superbobinho, nenhum "perigo", o Gui, que depois, descobrimos com seus pais tratar-se de um garoto com timidez ainda maior que a dela e com problemas de socialização com a sua turminha... "Ah, que bom: ela só está sendo amiga e, para a idade, tem aquela coisa de 'primeiro amor', 'menino bonitinho' etc.", pensei. Até que, ano passado, "novo amor": um chamego doido com outro amiguinho de classe, o Biel, ao ponto de, quando anunciou que mudaria de escola, minha menina só faltou nos enlouquecer por um "encontro num shopping" com ele!
Não me fiz de rogado: comprei com ela um livrinho bem bacana para a "lembrancinha de despedida" e foi organizada, nas férias de dezembro, uma voltinha com as mães e seus rebentos in love pelo cinema com Como treinar meu dragão 3 - que ele nem gostou muito, já querendo só ver filmes dos Transformers ou de super-heróis! E chega de namoricos, que ela é só uma menina... Nisso, um golpe me tomou de assalto no terceiro round dos "amores" de minha garotinha...
- Pai, as meninas ficam só me provocando que o Gui Beckmann é o meu crush... Sim, isso mesmo: com sorrisinho maroto, como se estivesse adorando - apesar de jurar que estivesse "muito chateada com as provocações" -, acabara de ouvir da minha menininha uma palavra que aprendi há bem pouco tempo, por lidar com alunas bem jovens ainda e que me trouxeram o estrangeirismo como novidade: crush é aquela paquera, um(a) amigo(a) que pode virar namoro ou simplesmente aquele(a) garoto(a) que balança o seu coração! Ai, ai... Sério? Crush?!
Claro que voei a lhe replicar tudo anteriormente já dito sobre namoro ser coisas para adolescentes/adultos, que na sua idade não se namorava, que o novo amiguinho - ele é novato deste semestre -, por mais lindinho que fosse, era criança como ela... E ela foi logo consertando, que era mais curtição das meninas, que cada uma já dizia qual era o seu tal de crush e que ela só achava mesmo o menino bonitinho e, querendo ser amiga dele, aceitou a brincadeira das amigas quanto a ser este o seu "escolhido"...
Aonde essas crianças vão parar com suas precocidades?! Crush, vejam se eu posso com uma coisa dessas... Resolvi dar de ombros e tocar o barco, mesmo porque os SuperGêmeos, assim como o tempo, nunca param e seguem em disparada entre travessuras e preocupações - como essa "catapora" abrupta da Filhotinha: só mais uma alergia? Levo ao médico, faço exame... já passou! E, então, sigamos todos para a festinha de aniversário da Gi, também amiguinha da escola da primogênita, e tudo vai muito bem na adaptação dos meus menores entre os "meninos grandes"...
Até que, em meio a etiquetinhas sob a temática "Festa Tropical" - Temática adolescente, hum... me perguntei -, por entre plaquinhas coladas a uma varetinha colorida do tipo "Nada a declarar" (!), "Que top!", "Essa festa é o paraíso", "posta nas redes sociais" (!!) e "Arrasou!" - Ei, essa temática é, sim, adolescente!, passei a me preocupar! -, eis que ela escolhe o cartazinho... CRUSH! E ainda me diz, sorrindo como a menina superbobinha que (graças a Deus ainda) é, outra historinha bem torta: - As meninas estão só me falando pra eu levar essa placa no próximo dia dos namorados pra escola...
E agora, chegando ao final desta semana dos namorados do qual acabei passando ao largo, tamanhas as preocupações e dores de cabeça de um SuperPai, posso dizer que tenho duas notícias como desfecho para o "Preocupações com o Caso Crush" - primeiramente, a ruim: ela levou a plaquinha para o colégio no dia 12, sim, e foi aquela molecagem com as arteiras amiguinhas (más-influências!)! A boa, quase ótima eu diria, veio em seguida: o menino em questão não gostou nada da ideia de ser achado bonito, da ousadia de minha precoce menina ao querer um abraço seu (- Mas os meninos vivem abraçando-o...) e saiu correndo! Como diria a canção: São só garotos...





