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| Boa Noite, Darth Vader - tirinhas de Jeffrey Brown |
Noutro dia, acabei por soltar, para a SuperFilhotinha, num momento seu de muita galhardia: - Mas essa menina é muito doidinha..., no que ela, de pronto, retrucou: - Doidinha, não, Papai; feliz!... Surpreendido por sua vivacidade, no ato me lembrei de eu já ter dito isso antes, não diretamente pra ela, mas em resposta a uma provocação da SuperFilha, que assim a chamara, irritada com seu alvoroçado comportamento... De qualquer forma, impressionado até agora por duas razões: devemos ser bastante atentos e responsáveis com cada coisa que dissemos perto dos nosso filhos; e por ela ter guardado aquela excelente definição de felicidade, justamente ela, a menina dos olhos de alegria...
Já ela, a mais velha, sempre manteve os olhos de melancolia, algo de triste, algo de mim, quando olhava assim para o nada quando eu era pequeno... Por sua vez, o meu pequeno, o SuperFilho, tem arregalados os olhos cheios da curiosidade, meio que sempre a perguntar algo pra mim ou de mim, num afã de conexão para se concretizar, como se quisesse, no fundo e ao mesmo tempo, entender-se e me tranquilizar, ao se espelhar neste seu pífio pai, que ainda tem tanto com ele - e com as outras - a aprender...
E, assim pensativo, às vezes sigo como Drummond, em sua Viagem na Família: tomo-os firme pelas mãos, porém nada digo... Noutras vezes, prefiro Vinícius a me lembrar de meu pai e a refletir sobre como também sou pai no ciclo sem fim de O filho que eu quero ter - ou a almejar desesperadamente parar o tempo ao ver a Filha crescendo tão rapidamente ao som de Valsa para uma menininha... Por fim, como um Capitão Fantástico, acabo me pegando dando conselhos e criando com eles uma "sociedade alternativa" em nosso pequeno apartamento ao lhes advertir contra os medos do mundo, o consumismo selvagem e o vil metal e lhes falar das Artes em geral - eu mesmo, ainda com tanto medo do mundo e de seus monstros que, à noite, escondem-se na minha escuridão...
Por isso mesmo que eu, que já nem sei se acredito ou pra quem agradecer, só posso levantar a cabeça e dizer obrigado pelas vidas que a vida me trouxe - ainda que eu não mereça ou que, no fundo, nem saiba se cresci direito e o suficiente para guiá-los, cá estou, há 9 anos, escrevendo sobre (e pra) eles e sonhando acordado na acelerada e louca corrida para vencer cada dia da melhor forma possível, com aprendizado para todos os lados, apesar da casa bagunçada e a vida por fazer, seguindo sem parar de acreditar - ou de escrever - sobre cada passo nesta minha (nossa) jornada como pai...
| Mesmo a bermuda da Filha não servindo, maravilhas de escolhas dela como presentes dos seus irmãozinhos pra mim... |





