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Apesar de não estar nem um pouco disposto a encarar uma sessão de cinema com uma aparentemente chata e metida a engraçadinha versão infanto-juvenil de personagens de HQs no último feriado de 7 de setembro, o Papai aqui aceitou a pressão da SuperFilha, deixou a Mamãe e os SuperGêmeos em casa e seguiu para o cinema de shopping mais próximo da nossa casa para assistir a Jovens Titãs em Ação – e, surpreendentemente, acabei por dar boas risadas em muitos momentos do filme! Uma pena que a falta de referências do ainda limitado universo pop-cultural da criançada (bem como do pequeno grupo de adultos e adolescentes acompanhante) fez com que, por várias vezes, eu estivesse sozinho na compreensão das piadas e, consequentemente, nas gargalhadas...
– Estou velho... - pensei, quase que imediatamente... Só assim para me dar bem com referências a filmes como De volta para o futuro (1985) e O Rei Leão (1990), além de outras inteligentes sacadas da animação cheia de zoeiras do Cartoon Network, que também homenageou e debochou de várias fases dos principais super-heróis da DC Comics (sem esquecer a concorrente Marvel)! Porém, por mais que eu me esforçasse em explicar certas tiradas para a minha garotinha de 8 anos, muito acabava por "se perder na tradução" para a minha aspirante a super-heroína...
Graças a Deus que o mesmo não ocorreu, duas semanas antes, com o sensível Christopher Robin - Um Reencontro Inesquecível: ainda que apelando para inúmeros e batidos clichês dos filmes de autodescobertas de maduros personagens em crises (na velha fórmula "pai/marido ausente com esposa/filha, por excesso de trabalho, descobre-se melhor graças a um amor/infância do passado"), a pureza dos maravilhosos personagens da turma do Ursinho Pooh e muitos diálogos filosoficamente inspirados fizeram dessa sessão algo mais compartilhável entre todas as gerações presentes no cinema...Afinal, não é todo dia que se pode reencontrar cada um dos bichinhos de pelúcia (ou seria da imaginação?) da sua infância e ter conversas como – Estou rachado... (Christopher, muito triste) – Não vejo rachaduras... Só algumas rugas, talvez... (Pooh, inocente), ou – Para onde vamos? (Chris, retornando ao famoso "Bosque dos 100 Acres" depois de adulto) – Não sei... Mas sempre que quero ir para algum lugar, primeiro me afasto de onde eu estava antes... (Pooh), ou, melhor ainda, – Você é um herói, Christopher Robin... (Pooh) – Não sou, não... Eu me perdi... (Chris) – Mas eu te achei... (Pooh)! Não foi à toa que alguns emocionados adultos puxaram efusivas palmas ao final daquela sessão memorável: a beleza simples de coisas e pessoas que amamos e as reflexões internas sobre o quanto mudamos e "secamos" ao longo da vida tocaram a todos os presentes, numa gostosa e sensível linguagem universal acessível a todas as idades!
Com destaque ainda para a bela fotografia esmaecida, num tom saudosista envelhecido, a retratar a cinzenta e adulta Londres dos anos 30, e para os realistas e encantadores efeitos digitais que deram vida a Tigrão, Leitão e companhia (fortes candidatos ao Oscar, a emular os bichinhos originais do início do século passado, época em que pertenciam ao verdadeiro menino Christopher Robin, filho do autor das historinhas originais do Pooh, A. A. Milne – por sua vez, também um pai ausente...) -, o belo filme cria uma inteligente e metafórica ponte não só entre o passado e o presente do protagonista como também abraça filhos e pais da plateia num grande amor que resiste a qualquer época... E que, de alguma forma, sempre esteve ao alcance de quem ama ou sonha com animados personagens dos tempos de criança, por nós esperando por todo esse tempo (e antes mesmo de tudo acontecer)!
E pensar que sou do tempo em que ainda chamavam o bonachão e filósofo ursinho louco por mel dos desenhos animados da Disney (há muito, dona dos direitos autorais das obras de Milne) de "Ursinho Puff"... Definitivamente, estou velho! Mas nada que não se resolva com uma boa viagem no tempo – lá onde sempre se encontra um presente escondido à nossa espera...
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Titãs e Pooh: dois filmes nos cinemas com a Filha em menos de duas semanas
– compensando a falta de títulos infantis em julho!
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