Quem tem boa memória cinéfila e curtiu bastante as grandes comédias dos anos 80, deve se lembrar que o título desta postagem faz referência ao nome original do filme que, por aqui, foi rebatizado como Antes só do que mal acompanhado (Planes, Trains and Automobiles, 1987, John Hughes), com o falecido John Candy fazendo um desesperado e divertido par com o grande Steve Martin em inúmeras pequenas viagens na marra pelos meios de locomoção citados a fim de chegar a tempo de passar o feriado de Ação de Graças com a família. Mas e o que isto tem a ver com estes nascidos no século 21 Diários do Papai? Bem, com o filme, nada... Mas as peripécias para passar um tempo diferente com a família, que não viajava desde que os SuperGêmeos haviam nascido, acabaram sendo tão exaustivas quanto no filme e pelos mesmos meios de locomoção (acrescidos de mais alguns...), porém nada engraçadas como na já clássica Comédia...
Tudo começou no ano passado, em idos do final das férias de julho: para a Mamãe, bastava de espera! O SuperFilho e a SuperFilhotinha, mesmo com as impaciências e infantilizações acerbadas de ambos comuns aos filhos gemelares (infelizmente, no caso do Filho, tais atrasos são bem mais acentuados...), ainda no auge dos seus 3 anos e meio, já estavam mais do que na hora de experimentarem sua primeira viagem juntos! E com a SuperFilha há tempos ansiando por viajar novamente (sua última empreitada havia sido aos 3, para a vizinha Fortaleza), nada mais justo que se escolhesse logo um bom destino para a criançada relaxar longe da cidade-natal nas próximas férias. Então, que tal o Natal-Luz de Gramado? "Perfeito", pensaria o leitor mais incauto... Ledo engano!
Primeiro, porque a cidade é muito careira - e não falo do custo de vida normal de cidades que vivem do Turismo; falo de exploração comercial mesmo, das cabeludas e sujas, que não respeitam direitos básicos do consumidor - como o fato de idosos e crianças, na maioria dos lugares, pagarem somente um preço reduzido nos ingressos caríssimos ao invés de pagarem a meia-entrada garantida por lei (e, detalhe, que não dão direito a tudo, tendo-se que pagar novamente por várias atrações dentro do parque já pago - e sem informação prévia a respeito), só para citar um exemplo! Segundo, porque aquela cidade gaúcha não foi feita para crianças pequenas - sim, há muitos belos parques, naturais e com brinquedos, mas tudo soa mais como um cansativo cartão postal maquiado para agradar casais em lua-de-mel do que realmente ser divertido para a petizada! E, terceiro, fica no extremo sul do País - e viajar para lá, em 5 horas de voo, se chega a ser enlouquecedor para um adulto como o Papai aqui, que jamais gostou muito de aviões, o que dizer de dois lindos garotinhos irrequietos?
Vencidos os aviões (baldeamento em Brasília, onde quase perdi o meu garotinho num de seus momentos de fúria estressada...), restavam o carro (Uber para o hotel de pernoite em Porto Alegre e vários outros nos próximos dias), o ônibus (de POA para Gramado, no dia seguinte: mais duas horas!), o teleférico (esse foi rapidinho... tão rapidinho que caracterizou a primeira "roubada" em que nos metemos, num passeio caro para nada nem lugar nenhum, na vizinha Canela), o trem (na segunda grande roubada da viagem: o famoso e mais do que cansativo "passeio" na Maria-Fumaça da vizinha Bento Gonçalves) e carro de volta para o hotel (antigo, desconfortável e metido a besta, como quase todas as construções de imitação do estilo alemão que compõem obrigatoriamente o cenário local - foto abaixo)... "Pai, eu não aguento mais viajar! Nem de avião, nem de carro, nem de trem, nem de ônibus... Eu quero ir pra casa!", disse, a certa altura, uma indignada SuperFilha, a quem havia sido prometida uma inesquecível viagem (no singular...) e cujas melhores lembranças se limitaram às mesmas minhas: Mini-Mundo, um belo parque repleto de miniaturas e réplicas de cidades famosas, e a Terra Mágica Florybal, cujo grande monstro de pedra como mascote vivia a aterrorizar os meus menores na esdrúxula e brega decoração do hotel Sky em que nos hospedamos...
Sem esquecer as caminhadas feitas em família com o Filho nos ombros (quem mais sentiu as mudanças e o cansaço) e as longas distâncias para se obter um simples pão ou conveniências básicas de uma padaria ou um mercadinho (coisas praticamente inexistentes na cidade!)... Em resumo: o que era para ser relaxante resultou numa quase massacrante rotina de 5 dias (com mais dois, no início e no final da viagem, em Porto Alegre), que, mesmo com todos os problemas, parece que ainda foi guardada com algum carinho nas retinas da Vovó-Dinha, que nos acompanhou nessa jornada épica, e mesmo nas da Filha, que, por fim, disse que gostou da cidade... Então, parece que valeu a pena apesar de tudo! Mas fica o alerta: antes de viajar para qualquer lugar, especialmente se com crianças menores de 5 anos, estude bem mais do que simplesmente os principais pontos turísticos da cidade - veja se o número de viagens e deslocamentos nela compensa, porque até pequenos, porém muitos trajetos via Uber podem se tornar estressantes, especialmente se com motoristas arrogantes e grosseiros como os da região (o tratamento, de um modo geral, não é dos mais calorosos para turistas, por incrível que pareça!)! E não se esqueça dos fones de ouvido: tanto para a criançada usar com os celulares e tablets para aguentar a pressão das horas de voo sem perturbar os adultos, como também para adultos neurastênicos com barulho como eu, no azar de me sentar bem em cima das ruidosas asas do avião!
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| Muita fachada pra pouca cidade... |





