
Minha filha única vira a mais velha
Os melhores brinquedos, o quarto
E os irmãos são dela
- O ciúme impera
Para além da melhor inteligência...
(Pai e Mãe, negligências!):
- Cuide bem, aceite, compreenda...
E fico a lhe pedir emprestados
Os superpoderes inventados
Pra dar conta do tempo dela
E da sua voz bela e contestadora...
E eu digo a ela, a mais velha,
Que, sim, deve ser bom
Ser uma japonesa, que sua beleza
Alva, baixa gueixa de olhos puxados,
Também tem o seu valor!
Mas explico que, no mundo inteiro,
Não haveria como reproduzir
Aqueles seus olhos graúdos de inquirir
E engolir o mundo,
tampouco a pele morena
Da minha linda pequena
Comprida e sempre a subir...
De japonesa a super-heroína,
Médica, cientista, cantora e artista
- E pode ser tudo isso, papai...?
Quem sou eu pra lhe dizer
Qualquer coisa que limite
Seu céu calado, mas repleto
De doçura marrenta
E de gramatical precisão...
Sou apenas seguidor, torcedor
De camisa amarela
E cabeça rolando viela abaixo
Antes da sua mais nova invenção!
Porque por baixo das camadas
Mais acumuladas de sete anos
De centelhas e estranhezas,
Só me serve a certeza de continuar assim
A segui-la, a lhe dar a mão
Ainda que ela mesma nem queira...
Vou assim ganhando pelo cansaço
Pelas beiras, em histórias velhas
E amarelas pelos tempos
Do seu sorriso que ilumina um dia
E da sua camuflada alegria mais bela,
Há de ser sempre a firme, minha mais doce
Isabela.




